quarta-feira, 28 de abril de 2010

A HISTÓRIA DO R.U DA UFBA

Era uma vez na Bahia
Na salvador, capital
Um grande elefante branco
Um belíssimo animal
Ele era meu e era seu
Patrimônio federal

Esse elefante anormal
Habita campus de lama
Savana ele não conhece
Repare na sua trama
Nunca saiu da Bahia
Mas é grande a sua fama

Foi falado paratodos
Cientistas de pouca idade
De boca a boca, evidente
Ele sem notoriedade
Pelo meio midiático
Ninguém soube a raridade

E na Universidade
Ele passou anos parado
Para o estudo aos espanhóis
E a um grupo politizado
Porém isso se acabou
Quando o bicho foi matado

Foi de uma morte matada
Institucionalizada
Para matarem a fome
De uma futura manada
Que será também defunta
Pra outra ser alimentada

Agora essa rara carne
Compram a cinco e cinqüenta
A preço de certas praças
Mas a gente não agüenta
Ou faz uma nova venda
Ou a gente arrebenta

Tá caro, tá caro, tá…
Tá salgada a refeição
R.U destemperado
Praça de Alimentação
Agora comer no shopping
É a melhor opção

Piadas aparte verão
Na salvador, capital
Camaradas bem unidos
Pelo o mesmo ideal
R.U bem temperado
Prato bom por um real

Pode vir senhor reitor
Para ver minha marmita
Para escutar o meu ronco
Duma barriga já aflita
Do caruru tu não come
Vai passar fome maldita

Tem pimenta nestes versos
Pois baiano sou bastante
E nessa tal Federal
Se o que falta é o picante
Então sinta mais o gosto
Dessa língua chamuscante

Ultrajante o restaurante
Neste estado, neste espaço
Já usado e reusado
E o pratinho a este preço
Sozinho, aqui me pergunto:
Será isso o que mereço?

Mas o piauiense
Paga, saibam só oitenta
O estudante lá da USP
Paga só um e noventa
E o de Feira de Santana?
O que a gente aqui só tenta

Prato bom por um real
Com saladas, grãos e soja
Macarrão, feijão e arroz
Pois não sou da sua corja
Um prato a cinco e cinqüenta
O aroma até me enoja

Vou comprar lá na baiana
Feliz, par de abarás
Abastecer de dendê
Meu organismo eficaz
Que precisa de comida
Mas não da cara demais

Faço rir o satanás
E sinceramente minto
Eu não como muitos livros
Eu ando lerdo, faminto
Onde é a aula de hoje?
Desesperado me sinto

Sento na minha cadeira
Confuso do meu lugar
Logo essa aula se acaba
E amanhã outra terá
E talvez não possa vir
Quando que vou me formar?

A fome me faz pensar
Com a barriga vazia
Vejo as cores da vertigem
Era uma vez na Bahia
Um seco universitário
Que fazia poesia

E o aberto elefante branco
Um belíssimo animal
Do qual não comeste nada
Nem um pedaço sem sal
Assim fica desnutrido
Morre pedindo um real

Denisson Palumbo

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